quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

TJ decreta prisão preventiva de cinco suspeitos de espancar jovem no Rio

Vítor Cunha, de 21 anos, levou chutes no rosto e teve de colocar 63 pinos.
Vítima pediu aos suspeitos que parassem de agredir um mendigo.



O juiz Murilo Andre Kieling Cardona Pereira, titular da 3ª Vara Criminal da Capital, decretou, nesta terça-feira (28), a prisão preventiva de cinco jovens acusados de espancar o universitário Vitor Suarez Cunha, na Praia da Bica, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.

O crime aconteceu na madrugada do dia 2 de fevereiro depois que a vítima pediu aos suspeitos que parassem de agredir um mendigo.

Os cinco suspeitos já estavam presos temporariamente. O juiz decretou a prisão preventiva após receber denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Os cinco rapazes foram denunciados por tentativa de homicídio.

Segundo a decisão, "há nos autos prova da existência do crime e indícios fortes e suficientes das autorias, além de justa causa". O juiz Murilo Kieling afirmou, ainda, que sobram motivos para justificar a prisão dos acusados, com base na garantia da ordem pública. "Impõe-se, sob outra perspectiva instrumental, a necessidade da segregação cautelar dos imputados, especialmente para assegurar que os testemunhos sejam granjeados sem qualquer influência negativa do estado de liberdade dos acusados", explicou ele.

Denúncia
De acordo com a denúncia, os denunciados Tadeu Assad Farelli Ferreira, William Bonfim Nobre Freitas, Fellipe de Melo Santos e Edson Luis dos Santos Junior deram socos e chutes no corpo e na cabeça da vítima, de forma cruel e em superioridade numérica, com o objetivo de matá-lo. O quinto denunciado, Rafael Zanini Maiolino, participou da tentativa de homicídio ao impedir que um amigo da vítima interferisse, contribuindo para que o grupo continuasse as agressões, mesmo com a vítima já desacordada e indefesa, caída no chão.

As agressões deixaram sequelas na vítima, entre elas, fraturas no rosto. Os acusados vão responder por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe, tortura ou meio insidioso ou cruel e, também, por utilizarem recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A pena para homicídio qualificado varia de 12 a 30 anos de prisão, mas em razão da tentativa pode ser diminuída de 1 a 2/3.

Vítima recebeu 63 pinos no rosto
O estudante Vítor Suarez Cunha, de 21 anos, foi espancado e pode ficar com sequelas (Foto: Reprodução TV Globo)O estudante Vítor Suarez Cunha, de 21 anos, foi
espancado e pode ficar com sequelas
(Foto: Reprodução TV Globo)

Vítor Suarez Cunha, de 21 anos,que passou por uma cirurgia em que teve 63 pinos implantados no rosto por causa do espancamento que sofreu deixou o hospital no dia 8 de fevereiro, acompanhado dos pais e familiares. Todos fizeram um "V" e disseram "Vitória" na porta do hospital.

Vítor se emocionou, chorou e disse que não considera seu ato heroico. "Não fiz nada demais, fui lá conversar, faria isso amanhã, faria hoje, se visse a mesma coisa. Vi uma pessoa sendo agredida e eu pedi para parar e aconteceu o que aconteceu", afirmou.

Ele fez questão de agradecer a todos que rezaram e torceram por ele, e à equipe médica, que mereceu elogios. "Eu quero comer, comer hambúguer, entrar na internet, ver televisão", disse o estudante, que, por enquanto, ainda terá que seguir uma dieta líquida e pastosa.

Segundo o Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, ele recebeu alta de acompanhamento ambulatorial e terá de retornar à unidade em dez dias.

Perguntado se ele levou alguma lição desse episódio, Vítor disse que não aprendeu nada com tudo o que aconteceu. "O que a gente pode fazer hoje, amanhã vai mudar. Hoje aconteceu isso comigo. Pelo menos uma, duas, três pessoas vão pensar alguma coisa, vão ensinar para os filhos deles. Não adianta pensar que uma atitude vai mudar o mundo, mas pequenas coisas vão mudando", disse Vítor, emocionado.

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